V




“O coração é o único órgão do corpo que tem vida própria”. Não lembro onde li,ouvi ou se inventei isso num dia de muita inspiração  - leia-se chapação, mas a verdade é que a gente não consegue dominá-lo. Parece que ele pensa por si próprio, por mais que você tenta esquecer algo ou mudar algum sentimento é ele (o coração) quem está sempre no comando. Acendo mais um cigarro e fico observando o nada da minha janela.  Carros passando, pessoas indo e vindo, uma delas me chama a atenção, está de costas mas o andar é indiscutivelmente conhecido. Procuro as chaves apressadamente em baixo de uma pilha de revistas e envelopes de contas e anúncios inúteis de publicidade. Saio correndo pelas escadas mesmo, pois com a pressa que estou não suportaria esperar o elevador. Enfim chego à rua e começo a procurá-lo: na rua, nas calçadas, nas lojas, nada. Os carros passam, as pessoas vão e vem, mas não encontro quem eu procuro. Começo a ficar ansioso e quase sou atropelado por um carro, esbarro nas pessoas na calçada. Nada. Exausto de tanto procurar começo a me dar conta de que estou sem camisa, descalço e a algumas ruas de casa. Uma ponta de esperança, ou desespero, me faz olhar ao redor para ver se o encontro. Nada. Chego a duvidar se realmente era ele ou se fui enganado pela saudade.

- Você pode me conseguir um cigarro? Pergunto a um sujeito encostado na portaria de um prédio, só depois me dou conta de  que ele é o porteiro. Ficamos conversando enquanto fumo aquele cigarro barato e começo a perceber que o sujeito é interessante: moreno, estatura mediana, forte, cabelo raspado. Ficamos no bate papo e logo já se percebe o interesse de ambos para algo mais sexual. Entro no prédio e nos dirigimos para a copa, começamos a nos beijar e só aí percebo que ele é bem mais baixo que eu. Rapidamente já estou sem roupa nenhuma e ele me põe apoiado em cima de uma mesa e começa a lamber minha bunda, sinto sua língua entrando e saindo e suas mãos fortes de vez em quando me dando uns tapas com força. Aquele ambiente todo começa a me deixar cada vez mais excitado, eu ali apoiado numa mesa sem roupa alguma e um desconhecido agachado lambendo ferozmente meu rabo. Peço para ele me enrabar. Ele pega uma camisinha no armário e começa a me comer. Aquele vai e vem começou a ficar gostoso e eu comecei a relaxar e esquecer um pouco de tudo. Ele parecia insaciável e me fodia cada vez com mais força. Deu para sentir o jato bem lá no fundo, ele retirou o pau ainda duro e com a camisinha cheia de porra, na excitação que eu estava me deu vontade de lamber aquela porra todinha, mas coloquei  a única peça de roupa que estava vestindo e sem dizer uma palavra fui saindo.  Queria chegar logo em casa. Fui caminhando sem olhar para trás e sem dar muita importância para as pessoas que me olhavam curiosas. Preparei um caprichado ‘Bellini’ e sentei na varanda para novamente apreciar o nada. Ainda dava para sentir o cheiro de perfume barato do porteiro e a saliva no meio da minha bunda, mas relaxei apreciando a noite e saboreando minha bebida.

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