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Dentro de casa estava um pouco abafado mas na rua estava agradável, resolvi entrar em um bar, estava sem sono e sem a menor vontade de ver TV ou ficar na net. O bar estava um pouco cheio, mas ainda assim consegui um local no balcão, bem num canto. Tinha uma visão privilegiada de todo o ambiente: casais, amigos, mesas com várias mulheres bebendo, o garçom passando com o pedido de alguém.
Fiquei bebendo meu chopp e não pensava em nada. Nem ninguém. Tanta coisa aconteceu nos últimos tempos e agora estava  trilhando um caminho que não tinha mais volta. Mas isso nem me preocupava também.
Estava sentado de frente para o meu copo, cabeça longe...quando senti um perfume conhecido. Fiquei por alguns segundos tentando descobrir o que aquele cheiro me lembrava, ou quem, quando senti uma mão no meu ombro:
- Esse lugar está ocupado ?
Era ele. Nos reconhecemos no ato mas nenhum dos dois falou nada.
-  Não, pode sentar.
Ele sentou do meu lado e pediu um chopp.
- Acho que nos conhecemos de algum lugar ou é impressão minha?
- também tenho essa impressão mas não me lembro de ter te visto antes.
Claro que lembrava, era ele, o cara do cinema. Estava com a barba por fazer, um ar um pouco cansado, mas mesmo assim irresistível.
- Meu dia hoje foi cansativo, precisava muito de uma bebida.
Sorte a dele, eu há dias que não faço nada de produtivo, a não ser matar pessoas. Não que isso não tenha o seu lado produtivo... mas realmente minha vida estava uma bagunça, quase não aprecia no trabalho, voltei a fumar compulsivamente, não tinha mais horários pra nada, só bebia, trepava e , como direi, rezava.
- O que você esta rindo?
- Nada, só uma coisa que passou pela minha cabeça.
- Que tipo de coisa ? Boa ? Ruim ? Engraçada ?
Nesse momento ele me olhava bem fundo nos olhos.
- Sexo.                       

§§

A porta do quarto mal fechou e senti minha cabeça sendo prensada nela, mãos fortes no meu rosto e aquela barba se esfregando na minha boca. Que beijo.
Nem todos os caras com quem eu trepei me deram tanto prazer como estava tendo com aquele beijo. As mãos me pegavam na medida certa e nos lugares certos, a perna se enroscava na minha, seu cheiro me envolvia.
- Reconheci você assim que o vi no bar.
- Eu também, sou bom fisionomista, coisas da profissão, mas achei melhor te deixar na dúvida...
- “Coisas da profissão” ... interessante. O que você faz da vida ?
- O que eu faço não é tão interessante, mas o que vamos fazer sim.
Me beijou e começou a tirar a minha roupa, tudo com muita calma. Não trocamos nenhuma palavra depois disso, apenas gemidos e olhares. Os dois precisavam se entregar e foi o que aconteceu. Esqueci de tudo, do namorado que tinha me deixado sem motivo, do vírus que corria dentro de mim, das mortes, de tudo. Aquelas horas foram de total entrega de ambos e o gozo venho tão intenso que parecia infindável.
Encostei minha cabeça no seu peito, ele me abraçou e ficou roçando minha perna com seu pé.
Fui tomar uma ducha, sempre gostei de chuveiros de hotéis, mesmo com a água caindo ouvi a sua voz, parecia que ele estava no telefone com alguém, quando sai ele entrou, tomou um rápido banho, colocou sua roupa, ajeitou o cabelo, me deu um beijo.
- Desculpa sair assim às pressas, mas sabe como é né, o dever me chama.
- Prometo que não vou perguntar nada.
- Nada ? Nem meu nome ?
Não pude conter uma leve risada. Ele tinha um jeito muito sedutor de olhar e um tom de voz que mexia comigo.
- Meu nome é Miguel e o seu ?
- Prazer Miguel, eu sou o Fabrício.

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